segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O tão temido esvaziamento cervical

Inacreditavelmente, no dia da cirurgia estava muito tranquila. Sendo eu uma pessoa que acredita que nada acontece por acaso nas nossas vidas e que arranja sempre alguma explicação para o rumo que as coisas tomam, olhando para trás, acredito que aqueles sucessivos adiamentos tinham de ser necessários, porque eu ainda não tinha atingido aquele ponto de calma em relação à cirurgia como naquele dia. A cirurgia anterior ainda estava muito presente e as recordações dela não eram as melhores. E neste dia, tal como disse e ao contrário dos outros dias em que a cirurgia esteve marcada, eu estava em paz.

A cirurgia correu muito bem, eu acordei muito bem disposta e, embora não pudesse comer, cheia de fome- mais concretamente (e não me perguntem porquê) com uma vontade louca de comer coxinhas de frango assado. Não vomitei como da outra vez e, apesar das dores e de estar transformada num adorável teletubbie graças às ligaduras que me rodeavam a cabeça, estava confortável. Tal como na cirurgia anterior, queria ver-me ao espelho o mais rápido possível para ver se tinha ficado com sequelas. Quando uma das possíveis sequelas é a danificação do nervo facial, uma pessoa está sempre com algum receio. Pedi a uma das enfermeiras um espelho e ela foi tão querida que, à falta de um espelho prático, arrastou consigo um armário que tinha um espelho incorporado para que eu pudesse ver. Tirando as cicatrizes que deviam ser mais do que muitas e que eu não via, estava aparentemente tudo bem com a minha cara. Que bom.

Fiquei no recobro até à manhã do dia seguinte. Recebi o carinho das pessoas que me foram visitar e que foram sempre umas queridas e dormi imenso. O pior foi a noite. O sono desapareceu e aquelas horas todas pareceram-me uma eternidade.

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